Quando se fala em “Japão”, logo nos vêm à mente Pokémon e outros animes, robôs quase humanos, game shows nonsense, filmes de terror tão bem-feitos que congelam qualquer espinha e tecnologia quase extraterrestre. A verdade é que, dentre todos os países desenvolvidos, o Japão é, de longe, o que está mais à frente. Uma das causas dessa diferença astronômica está no investimento na educação e na valorização das escolas.

Infelizmente, nem tudo são flores: faz parte da cultura japonesa o culto aos bens materiais e à prosperidade econômica, o que pode levar pessoas ao extremo. Por exemplo, a obsessão pelo sucesso é tão absurda que o país registra o maior índice de suicídios adolescentes (é comum que jovens tirem suas vidas quando fracassam na escola) e o país ainda abriga a chamada Floresta dos Suicidas, um local em que pessoas vão para lá exclusivamente para cometerem o ato, principalmente ao final dos anos fiscais.

Inclusive, existe um termo em japonês chamado karoshi que nada mais é do que “morte súbita por excesso de trabalho”. Não são poucos os exemplos de pessoas que cumprem jornadas de trabalhos surreais, sendo pressionadas por resultados ao ponto de sucumbirem à uma estafa aguda e outras doenças, físicas e mentais. Vivendo exclusivamente para o trabalho, grande parte dos japoneses acabam na mais completa solidão, mesmo habitando uma das metrópoles mais movimentadas e populosas do planeta.

Essa realidade cotidiana chamou a atenção do fotógrafo Hiroharu Matsumoto, que saiu pelas ruas de Tóquio e de Yokohama registrando alguns desses casos, de pessoas que vivem completamente sozinhas. Ele buscou registrar “a solidão cosmopolita que percorre o espaço artificial das metrópoles japonesas”. Batizado de “Quiet Tokyo”, o estudo de Matsumoto mostra os habitantes em contraste com a luz e sombra projetadas pelas ruas e, ao mesmo em que encanta, nos faz refletir sobre os limites do progresso. Este e outros ensaios de Matsumoto estão em seu site oficial.

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